domingo, 3 de maio de 2009

Apenas mais um hospital...

Folhas em branco na mesa de um hospital, corredores vazios simbolizam a falta de vida no ar. E os orgãos que já não funcionam mais ? E a esperança que deixa o corpo do que não se pode ver ?
Os dias passam lentos a vontade do que não se pode ver é constante e o alívio da dor é insuportável. É constrangedor se sentir inofensivo, é hilariante se sentir normal e no fim das contas é insuportável se descobrir um humano. Toda falta de poder, todo sentimentalismo tomam conta do ar e tudo que sobra é a sensação de ser sufocado por sentimentos em vão.
Nem tudo que é tão belo possui sua beleza, nem todo sofrimento consiste de dor, nem mesmo tudo que é escrito tem um sentido em sí. O que fica é a jornada que o pensamento faz até ganhar algum sentido, sentido esse que ainda se encontra naquelas velhas folhas em branco no interior de nosso próprio hospital.
No fundo todos somos apenas um outro hospital, com seus corredores cheios de nada, um ambiente em branco, limpo e pronto pra expulsar qualquer tipo de afeto. Nos curamos do absurdo de acreditar em alguém, da ingenuidade de sentir orgulho de alguém. Somos uma máquina perfeita e programada para formatar o universo e nos colocar no centro deste. Somos fabricados pela mão divína do saber, aquele que nos priva do conhecimento mas nos mergulha na ignorância simplesmente por compaixão. Sempre acordamos com uma falta de noção e uma pitada de irônia, o que nos garante a individualidade e a intolerância necessárias no dia-a-dia. No fim de tudo isso, o que ainda fica é um certo sentimento de ter pensado coisas em vão e apagar tudo no final, jogar fora essas folhas em branco e fechar as portas desse corredor inóspito.

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